Entrevista com Victor Boer

Entrevistas Noticias

No último dia 2 de Fevereiro, tivemos a Noite dos Campeões III e o show acabou de um jeito inesperado. Victor Boer surpreendeu a todos os fãs presentes no Clube Atlético Parque da Mooca, e encerrou o show como o novo Campeão Brasileiro da BWF. Sendo assim, ele concordou em nos conceder uma entrevista falando sobre esse momento, e sobre toda a sua carreira, que é Simplesmente Sensacional.

Começando pelo assunto do momento. Na Noite dos Campeões, vocêutilizou o Cinturão do Maremoto, que te dá o direito de desafiar qualquer campeão a qualquer momento, para desafiar Max Miller pelo Campeonato Brasileiro, e saiu do evento como Campeão. O que te motivou a usar esse privilégio na Noite dos Campeões, mesmo depois de um combate brutal pelo Cinturão de Duplas, menos de uma hora antes?

Não foi bem o que me motivou, e sim quem me motivou. O próprio Max Miller foi quem me motivou quando ele decidiu por conta própria interferir nos meus assuntos. Vocês devem se lembrar que logo após ganhar o título do maremoto, eu desafiei o Xandão pelo Campeonato Sulamericano, o que não tinha nada a ver com o Max Miller. Infelizmente eu não tenho como saber se eu iria ou não vencer o Xandão naquele dia, mas o que eu sei é que ele estava caído no ringue enquanto eu estava em pé na terceira corda pronto para finalizar o combate. Porém nesse momento o Max Miller com toda a sua arrogância e egocentrismo, decidiu que seria uma boa ideia me atrapalhar… Ele fez uma escolha naquele dia, mas toda escolha traz uma consequência. E eu decidi q a consequência dele viria na Noite dos Campeões III.
Torci muito para que ele vencesse o Dante naquele dia, para que eu mesmo pudesse trazer essa consequência para ele. Ele não estava 100%, eu também não. Ele me tirou a chance de me tornar campeão Sulamericano, eu tirei o título brasileiro dele. A vida é assim… E se por acaso acontecer alguma revanche, tenho absoluta certeza que irei vencê-lo novamente.

Você tirou o Campeonato Brasileiro do Max Miller, que durante seu reinado defendeu seu cinturão em quase todos os shows, dando oportunidade a vários lutadores diferentes. Você pretende continuar com isso? Quem você acha que merece uma chance pelo Cinturão Brasileiro?

Eu gosto da ideia de ser um campeão presente e de defender o título com frequência, porém a questão é exatamente essa: merecimento. O título brasileiro é um dos títulos de maior prestígio da BWF e o que eu quero é manter este prestígio. Então sim, pretendo dar oportunidades a diversos lutadores, porém cabe a cada um deles lutar, se esforçar, mostrar que realmente merecem uma oportunidade tão grande como essa. Demonstre pra mim que você merece e vai ser um prazer subir no ringue com você, com o Título Brasileiro da BWF em jogo. Simples assim!

Agora, voltando a falar do Maremoto, em 2018 você passou por uma cirurgia no punho que te afastou da BWF por alguns meses. E no período entre seu retorno e o Maremoto você sofreu diversas derrotas. O quão difícil foi esse período de recuperação, e como estava a sua cabeça a caminho do Maremoto?

O final de 2018 foi realmente complicado pra mim. Eu era Campeão Sobrevivente há mais de um ano, defendendo o meu título com sucesso diversas vezes, imbatível nesse tipo de luta, com a confiança lá em cima. Pode se dizer que eu estava numa zona de conforto. Mas aí do nada, tudo mudou. Perdi o título sobrevivente e no In-House seguinte quebrei o punho. Tudo foi por água abaixo, e junto foi a minha confiança. Me recuperei da lesão e voltei. Tive uma chance pelo Rei do Ringue e perdi. Tive diversas chances de recuperar o sobrevivente e também não consegui. Sabia na minha cabeça que enquanto eu não recuperasse a minha confiança, as coisas não iriam fluir pra mim. Foi aí que anunciaram a segunda edição do maremoto, uma luta que eu cheguei bem perto de ganhar na primeira edição mesmo tendo sido o terceiro participante a entrar, uma luta em que eu ainda possuo o recorde de maior tempo de participação. Então parei e refleti comigo mesmo: É agora, tem que ser agora, vai ser agora! E foi…

Voltando um pouco pro começo da sua carreira, você fez parte da primeira geração de Rookies, na época todos estrearam juntos no Anime Friends. Como era ser um Rookie seis anos atrás, quando a divisão foi criada? Você acha que fazer parte disso foi importante para sua carreira?

Quando eu estreei, em 2014, as coisas eram um pouco diferentes do que são hoje. Rookies não era bem uma divisão concreta como é hoje. Nós estreamos todos em um torneio entre os rookies, mas depois disso lutávamos tanto com rookies quanto com os profissionais. Eu mesmo cheguei a disputar alguns títulos dos profissionais antes de ganhar o título dos rookies, e isso era normal. Só depois, em 2016, que a divisão se consolidou realmente, foi criado o título dos rookies e outras edições do torneio dos rookies passaram a ser mais frequentes. Mas independente disso, acredito que por terem estreado muitos nomes de uma vez só, a competição era grande. Você tinha que buscar sempre se destacar em relação aos outros. Eu por exemplo, não me destaquei na época. Tive meus motivos pessoais, não podia me dedicar 100%, morava e estudava em cidades diferentes, mas não importa, o que importa é que a princípio não me destaquei. E por mais que isso tenha me afetado mentalmente por um tempo, hoje eu olho pra trás e penso que tudo bem, não tem problema. Basta você ter em mente que vai chegar lá, se esforçar, treinar e buscar sempre evoluir que as coisas vão acontecer naturalmente e exatamente no tempo que elas têm que acontecer. Então sim, fazer parte disso foi importante pra minha carreira porque isso é a minha carreira. Literalmente o começo dela, da minha história como lutador, e tudo aconteceu da maneira que tinha que acontecer para que eu esteja aqui hoje como Campeão Brasileiro da BWF e para que daqui a 5, 10, 20+ anos, sabe-se lá o que vai acontecer… Mas vai acontecer, e vai ser Simplesmente Sensacional!

Olhando para essa geração, vários dos Lutadores dessa época se tornaram campeões na divisão dos profissionais. Lutadores como:Acce,Albert,Speed, Big Boy, entre outros. Olhando para a divisão de Rookies hoje em dia, quem você acha que serão os campeões do futuro da BWF?

Se você perguntasse pros profissionais de 2014 quem eles achavam que seria o primeiro dos rookies a se tornar Campeão Brasileiro, eu provavelmente não estaria entre os citados. Então eu mais do que ninguém sei que todos eles podem se tornar campeões no futuro. Como eu disse acima, é tudo uma questão de acreditar em si mesmo, treinar, se dedicar e buscar sempre evoluir.

Você e o Acce foram os primeiros Campeões dos Rookies da BWF, e a rivalidade que vocês tiveram marcou a história da categoria. Desde então, seus caminhos vêm se cruzando seja como oponente ou parceiros de dupla. No final das contas, vocês são amigos ou inimigos?

Eu e ele somos amigos e queremos a mesma coisa, temos o mesmo objetivo que é sermos os melhores que a gente possa ser. Então seja como parceiros de dupla ou como rivais dentro do ringue, estamos sempre tentando extrair o melhor de cada um. Ele me puxa pra cima, eu puxo ele pra cima, e assim vamos sempre evoluindo… Este é o acordo.

Mais recentemente, a BWF trouxe a luta livre nacional de volta pra TV Aberta no Brasil, e você teve o privilégio de fazer a primeira luta dessa nova fase da BWF na Band. Como foi lutar em Rede Nacional, e o que isso muda na sua carreira?

Sim! A BWF na Band com certeza é um grande passo para aquilo que todos nós queremos: que a luta livre nacional volte a ser conhecida e respeitada aqui no Brasil. E poder fazer parte disso é realmente incrível. Aquele dia 7 de dezembro de 2019 com certeza vai ficar marcado na minha memória como um dos grandes dias da minha carreira.

Ainda estamos no início dessa nova fase e eu acredito que logo mais iremos colher bons frutos em relação a isso.

Voltando quase 6 anos no tempo, quando você estreou pela BWF, ou até mesmo antes disso, quando vc começou a treinar, você esperava chegar tão longe?

Na verdade não, mas acho que é normal. É tudo uma questão de evolução, com o tempo as coisas vão mudando. Começou em 2008, quando eu mergulhei nesse mundo da luta livre, tudo que eu tinha na minha cabeça era que eu queria fazer aquilo, mas como? Não fazia ideia. O primeiro passo, pelo menos pra mim, foi acreditar, ter fé, pensar que era algo que eu realmente queria muito, e assim as coisas foram acontecendo. Comecei a treinar, mas não fazia ideia de onde eu iria chegar, assim como não faço ideia de onde ainda vou chegar. Muitas vezes duvidei, pensei: “Será que eu consigo? Acho que não nasci pra isso, sei lá.”. Mas como eu disse, na luta livre a evolução é extremamente necessária, tanto a evolução física quanto a mental. E com isso as coisas vão mudando, você começa a acreditar mais em si mesmo, desenvolver a confiança, e as coisas vão fluindo naturalmente.

Para fechar, você já foi Campeão de Rookies, Campeão Sobrevivente, Campeão do Maremoto e é o atual Campeão Interestadual e Campeão Brasileiro da BWF. Você acha que ainda falta alguma coisa pra conquistar?

Sim, sempre vão existir coisas a serem conquistadas, mas elas vão aparecendo no tempo certo. Por enquanto vou me concentrar em ser o melhor campeão brasileiro que eu possa ser.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *